Para C.
É sempre assim quando se conhece alguém novo, necessidade que já sentia há muito, gente nova, nova para mim e não em absoluto, sem ter que meter um anúncio na internet a dizer que queria conhecer gente, né?, mas como dizia, é sempre assim quando se conhece alguém novo.
A ficha demorou a cair talvez tempo demais, mas caiu em boa hora, constituindo um acontecimento, ora!, passar uma semana a pensar em alguém é normalíssimo, saber que o outro alguém fez o mesmo é uma coincidência que não se pode deixar passar, e depois vieram os SMS, mais tarde os abracinhos, e festinhas, e carinhos sem ter fim pra acabar com esse negócio de você viver sem mim, e piscas o olho aqui, e além e sempre, beijinhos inocentes e o sentimento de faltar alguma coisa, um piscar mais intenso, um abraço mais apertado, uma mensagem mais clara, mais forte, mais tudo!
Fui dormir entre almofadas e mensagens, a sonhar com coisas pra te dizer, apontei-as na memória e espero encontrá-las quando mais precisares de as ouvir, guardei-as longe pra não te soterrar com palavras, vou doseá-las como um petisco requintado, como a delícia que és, nham!
Agora contorço-me na cadeira de trabalho, penso em ti, em mim, em nós, já temos um nós?, no mar, na terra, nos continentes e cordilheiras, nas estrelas e em tudo o que voa, ou só plana, ou nem isso, não te quero maçar, agarro no telefone e escrevo mensagens que não mando, não te quero maçar, só penso, é isso, só penso e nada faço, não te vou maçar.
Vou dançar no escuro, imaginar o teu lindo rosto iluminado apenas pela insignificante luz do aparelho que reproduz a música que traz a tua imagem, porque sim, por nenhuma razão em especial, acho que qualqer coisa me faz lembrar de ti, basta estar acordado, se estivesse a dormir não me lembraria, sonharia, e amanha faço qualquer coisa, não acredito em esperas, a vida não espera por ninguém, porque haverias tu ou eu de o fazer?