Esparsos e parcos apontamentos

quinta-feira, abril 28, 2005

Just wondering...!



Feels like bloggin'! Miss ya...

Com o Tempo o Prado Seco Reverdece

Com o tempo o prado seco reverdece,
Com o tempo cai a folha ao bosque umbroso,
Com o tempo para o rio caudaloso,
Com o tempo o campo pobre se enriquece,

Com o tempo um louro morre, outro floresce,
Com o tempo um é sereno, outro invernoso,
Com o tempo foge o mal duro e penoso,
Com o tempo torna o bem já quando esquece,

Com o tempo faz mudança a sorte avara,
Com o tempo se aniquila um grande estado,
Com o tempo torna a ser mais eminente.

Com o tempo tudo anda, e tudo pára,
Mas só aquele tempo que é passado
Com o tempo se não faz tempo presente.

Luiz Vaz de Camões

segunda-feira, abril 25, 2005

Eu é que sei!!!

Gosto de procurar informação na internet quando nada tenho para fazer. Na verdade, eu tenho sempre algo para fazer, mas mesmo assim, passo tempo a tentar descobrir notícias, acontecimentos e informação que não vem nos jornais (que, por falar nisso, já não perco muito tempo a ler...). Há dias tropecei nisto, um relato na primeira pessoa de um dos presos políticos de Fidel Castro em Abril de 2003, em plena campanha iraquiana. Enfim, um rol de atrocidades a que as ditaduras nos têm vindo a brindar, celas pequenas, condições inexistentes de higiene para detenções por motivadas por delitos de opinião, para não falar no próprio comportamento humano em situações extremas como estas, auto-mutilação, recuperação de memória selectiva, só para citar alguns.

Até aqui, nada de novo, se não fosse uma conversa que tive há pouco tempo com um amigo de longa data lá da terra, militante activo, creio, no pcp.

Dizia ele, do alto das suas convicções, que achava razoável as prisões políticas em Cuba, logicamente extrapoláveis a outros lugares do mundo, onde existisse uma revolução em curso, um caminho certo que necessita de ser percorrido e sai naturalmente prejudicado com a presença de determinados indivíduos que não estão, por uma ou outra razão insondável, de acordo com esse desígnio.

Depois do choque inicial testemunhado pela Moira (tks pelos comentários preciosos aqui no blogue, os que já fizeste e os que vais fazer... ;-)), vasculhei no calderão de memórias e efectivamente pude verificar que a malta lá desse clube é toda assim um bocado, como dizer, tacanha! Lembrei-me, por exemplo, daquele rapaz que tinha dúvidas sobre a democracia na Coreia do Norte, além da sua ignorância acerca de presos políticos na supracitada ilha de Cuba.

Eu podia apelar ao estudo, assumir uma atitude paternalista de os mandar a todos ler História, o que não dispensa, obviamente, a leitura de um jornal que não o pasquim lá da seita. Acrescentaria que, pelos elevados padrões da moralidade comunista, seria aceitável que os membros dum partido que manifesta publicamente tais opiniões, claramente contrárias ao regime vigente, deveriam ser também afastados, numa operação de limpeza necessária e legítima para o prosseguimento da nossa tão cara democracia, que é, como muitos dirão, o caminho certo... isto acompanhado de um das frases charneira despótica como "eu é que sei" ou "um dia ainda me darás razão e agradecerá as medidas correctivas que te apliquei"!

Mas prefiro deixar aqui o meu profundo e sincero desagrado e mal-estar pela ignorância e visão curta que emanam de um partido com assento parlamentar, co-responsável pelas leis da República. Lamento ainda mais que a juventude de tal organização conserve os vícios e perpetue os argumentos esfarrapados de defesa e justificação dos mais hediondos acontecimentos cometidos em nome de um culto, preferindo as trevas do pensamento à voz da razão.

Hoje celebra-se a Liberdade, o dia em que Portugal iniciou a sua longa e penosa caminhada em direcção à democracia, o dia em que se libertaram os presos políticos, o dia em que os militares do meio da cadeia hierárquica declararam a vontade de entregar o poder ao povo.

Bom Dia da Liberdade!


P.S.: o mundo não é perfeito... o regime cubano não é inocente mas nem sempre culpado...

domingo, abril 24, 2005

Here's the plan!

Levantei-me quando acordei, o que aliás é sempre mais ou menos o que faço, com ou sem despertador, ainda que me tenha esquecido esta noite de desligar o rádio que inexoravelmente se liga às 7:55, mesmo a tempo de desligar a tv que continuava sem dó a passar biografias. (Acho que adormeci quando o Salman Rushdie pôde voltar a mostrar a cara, ainda que fonte fidedigna lhe garantisse a eternidade da sentença de morte que o Khomeini carinhosamente lhe dedicou.)

Ok, acordei um pouco tarde, ainda zonzo do álcool e do tabaco de ontem à noite, que melhor desculpa poderia eu querer para protelar o banho, o barbear, o almoço e tudo o que tinha programado prà tarde?

Fingi que almocei uns cereais, voltei prà cama, tentei ler até começar a mudar nervosamente de canal, do 1 ao 10 (não considero mais que esses...), hesitei entre estas actividades até conseguir descobrir um artigo do Jeremy Rifkin e o Mad About You, oh!, agridoces sentimentos que me prostraram exactamente novamente na cama, sem nada pra fazer, sem querer fazer nada. (Isto não tem piada nenhuma, mas o referido artigo de opinião, sublinho, de opinião, era a secção inteira de Ciência de uma certa e determinada publicação... os mais desatentos podem ver os livros do senhor aqui e algo sobre ele aqui.)

Adiei consecutivamente o início das actividades à medida que novos programas de tv iam começando, afinal também é domingo e não estou nada preocupado...!

sexta-feira, abril 22, 2005

Não estou nada preocupado:

- com o prazo para a entrega dos trabalhos do mestrado que galopa à velocidade da ventania para o fim

- com o novo Papa, seja bento ou clemente, acho que o problema (se houver) é dele; ah, Manoel, aqui na Europa estamos todos na mesma e, sei que vc não reparou, mas o cara é cota mas ainda não é XXVI, fiquemo-nos pelo XVI! :-D

- com a capa do Expresso amanhã, aliás, nem sequer vou ligar a televisão para saber porque não quero mesmo saber!

- com o saldo da minha conta bancária, começo a relacionar-me com o multibanco da mesma forma que com a lotaria, umas vezes sai, outras não, acabo sempre por gastar mais que aquilo que recebo

- com o facto de estar a ouvir uma música dum tipo que anda sempre de óculos escuros e não canta, mas gosto, caiu-me no goto, como se costuma dizer

"... e uma asa voa,
a cada beijo teu,
esta noite sou dono do céu,
eu não sei quem te perdeu..." Pedro Abrunhosa Momento (2002)

Não estou mesmo nada preocupado com o que vou fazer a seguir, talvez espirre ou nem isso, é provável que vá até à janela e sinta o luar como calor na minha face, pode ser que faça chá ou não.

sexta-feira, abril 08, 2005

Verão


Parece que chegou o Verão, tá sol!

Vá, ide todos para as praias, apanhar sol, jogar à bola e raquetes, ouvir as conversas dos outros, apontar os chavões bilingues dos emigrantes, ide, ide!


domingo, abril 03, 2005

Poema que aconteceu


Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.

A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.

Carlos Drummond de Andrade Alguma Poesia (1930)