continuo a não gostar de despedidas mas antes que a memória me atraiçoe aqui deixo o apontamento da saída junto com a imagem que contemplo no preciso momento que me ocorrem as ideas que aqui registo.
“o reduzido tempo que tive para empacotar alguns dos meus mais importantes haveres não me preocupa, sei que me esqueço de algo e não vale a pena dar outra revisão nas gavetas, sei que não posso levar tudo, não haveria malas suficientes para te transportar comigo”, disserto entre duas baforadas. penso em ti e mais ainda no que não fomos, quando não temos datas, o tempo é eterno, de repente, depois de uma marca no calendário, tudo se aproxima numa vertiginosa convulsão que deixa o gosto amargo da saudade do que se não viveu.
parece que não estou a ir pra lado nenhum sabendo que viverei a próxima semana em terra de ninguem, no turbilhão da mudança com pouso em hotéis, no limbo da residência com uma mochila como bagagem.
mas é sempre assim, no minuto em que caminhamos para o incerto futuro pensamos e repensamos o que fazemos e decidimos por segundos nada avançar. eu deixo-me ir, de bilhetes electrónicos em punho e reservas de hotéis em cidades estranhas espero dormir descansado algures no tempo, ter esse merecido descanso de dias a fio sem ocupações ou pensamentos. na verdade, sei que isso não vai acontecer, que descansarei fugazmente num qualquer barco ou avião, talvez enquanto corro ou antes de chegar a comida.
de saída estou e desta vez com a incerteza do regresso ditada pelo horizonte temporal que me é proposto. em breve publico as coordenadas para que possam lá aterrar em segurança.
para já a aproximação faz-se pela holanda.
espero-te lá. ou por outros lugares.