Esparsos e parcos apontamentos

quarta-feira, novembro 30, 2005

Luxembourg is not a city

Ficar numa Pousada da Juventude é sempre uma experiência. Assim que cheguei conheci um tipo austrialiano de viagem pela Europa há dez meses e quando fomos tomar um copo juntou-se a nós um americano de Seattle já com algumas saudades de casa depois de três meses de viagem.

Bem, vai daí ainda falei um pouco com um activista francês da Greenpeace (não fui recrutado, chumbei na pergunta "Gostas de nadar ao lado de petroleiros no Mar do Norte?", isso e picotado nunca foram o meu forte) e no dia seguinte estava lá no quarto um tipo inglês com origens Ugandesas e Indianas com quem acabo de tomar chá.

Pelo meio tirámos umas fotos por aí, descobrimos que de facto isto não é uma cidade mas antes um país, o terreno é acidentado e que quem pintou um quadro que já reproduzi aqui no blog em Dezembro passado foi uma austríaca com uma obra a descobrir.

Pela primeira vez que cheguei aqui, vou conhecer hoje a segunda pessoa da mesma nacionalidade, uau, estou excitado!

quinta-feira, novembro 24, 2005

Leaving to Luxembourg

ida > pra quem não sabe ainda vou mais logo para outro país não muito longe e de todos os modos isso pouco interessa uma vez que por aqui no blog é igual estar no Alaska ou na Austrália

viagem > ainda que vá em trabalho o bichinho da viagem começa já a corroer por dentro, parece que tenho já memórias de coisas que ainda não vivi, imagino notas que tirei, imagens que captei ou conversas que entabulei, uma miríade de acontecimentos que não sucederam

despedidas > não gosto, não gosto, não gosto mas andei por Lisboa de olhar perdido, a apreciar uma árvore recordista que emana luz, música e gente embevecida, de qualquer modo, estarei de volta rapidamente, perderei apenas o inverno na cidade, não vou pensar nisso

terra > cá fica com a família, amigos, colegas, clientes e os demais, a outra continua irremediavelmente a revolver à volta do astro que me aquece a face enquanto escrevo e rodando sobre si própria de tal forma que tal como milhares de vezes antes, cheguei ao dia da partida

contactos > os de sempre, sms, buéda mails e comentários nesta casa

sexta-feira, novembro 04, 2005

Nada de jeito

não me aconteceu absolutamente nada de especial hoje mas por razões que não consigo nem quero descrever, isso apresenta-se-me como motivação única para estas linhas ou nem só, efectivamente não tenho ninguém ao lado com disposição e vontade, ou incapacitado de se movimentar, que oiça a minha verborreia inútil

além de deambular pela alta e pela baixa e pelos entremeios, o dia foi completamente normal: devo ter-me levantado de manhã, não me lembro, vestido e equipado para um dia outonal, não me lembro, embarcado na pletora de transportes e ligações cheias de gente e humidade, não me lembro, só me lembro de ter saltado de um autocarro ainda meio a dormi e de percorrer um túnel subterrâneo completamente deserto, nem uma alma por lá circulava ao mesmo tempo que eu, ou pelo menos não se mostrou nem como tal nem como equivalente

nem sequer tive medo apesar do aspecto ligeiramente curvo e interminável do percurso a vencer e, ao mesmo tempo que abria bem as narinas auscultando a corrente de ar tentando perceber o mais leve odor a urina que constituiria para prova irrefutável de presença humana no túnel, achei-me de súbito protegido pelos milhares de reflexos que me olhavam a partir do chão e das paredes, quartzos encarcerados na passagem subterrânea há tempo suficiente para nem reagirem à minha passagem

deixei o túnel descansado no tempo em que estava e acordei definitivamente com a chuva miúda a cair-me na cara para logo escorrer vagarosamente e transformar-se em suor morno no interior do cubículo sobre rodas que me levou ao destino, destino esse que não é nem de perto nem de longe nem com meias medidas o Destino, é simplesmente um destino, sem honras de maiúsculas nem de recordação

um dia normal como tantos outros, deslocações sem destino que inexoravelmente se movem em direcção ao Destino