Esparsos e parcos apontamentos

terça-feira, dezembro 07, 2004

No Paraíso

Acabo um livro e na última página a novidade, Adão e Eva, na meia idade e cansados, com filhos criados e os filhos destes criados e já incapazes de criar os filhos dos filhos dos filhos, terão pensado em separar-se, seguir cada um as suas vidas, morrer longe.

À falta de melhor companhia teriam tomado conjuntamente a decisão, como aliás já era hábito, de permanecerem juntos, cuidarem um do outro, suportarem a rabugice mútua e própria da idade. Terão chamado a isso Amor!
Quero-te, Eva, muito!
Há muito tinha lido que o pecado original só teria surgido quando Adão deixou de fazer amor com Eva e passou a ter prazer só para ele.

Pessoalmente, agrada-me a ideia de ter sido ele próprio a convencer Eva a morder a maçã, vejo-a a defender a maça mais que a defender-se a si própria dos avanços do Adão... imagino que ela a terá mordido antes de um climax, mesmo a tempo de a roer toda antes de explodir a gritar para todo o Éden e ter a revelação de Deus nesse orgasmo.

Será isto o Amor, explodir em revelações importantes (Multiplicai-vos!), sentir uma trovoada dentro de nós e envelhecer, deixar passar o tempo na certeza de tudo estar bem e não haver outra forma para estar?

Entro na sala de cinema e saio a ver o mundo a cores, um lindo prado, um casal apaixonado e penso no Éden... o Paraíso é onde estamos e de nós depende unicamente!

São Paulo, 02.IX.2003

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Hi, Adam

19/7/07 02:30

 

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