Esparsos e parcos apontamentos

sexta-feira, junho 17, 2005

Joyce e Chamuças

"Um dia não são dias", diz o povo e quem mais vier, mas há dias (só um mas no plural) que assim mesmo se transformam em dias, sim, há dias que parecem não acabar, ou melhor, não deixar de existir, não desaparecem como todos os outros que ficam lá atrás, guardados e desprovidos de um significado comum, prontos para ser recordados apenas num arquivos de jornal. Da mesma forma que há pessoas que não morrem apenas, permanecem, revivem, renascem, aparecem, andam por aí na forma de livros, melodias, estátuas, imagens, espaços, cores, roupas, casas, prédios, obra!

Acordei com vontade de beber um Burgundy, tinto e seco, que acompanha bem com uma sandes de Gorgonzola, acabei por me ficar com a costumeira chamuça com imperial, afinal um lanche bem mais português. Alguém falou em Trieste,

"deve ser giro, era território austríaco ate há tão pouco tempo, estado independente durante uns anos, frequentado por artistas desiludidos!,"

e logo me veio à memória Joyce, esse mesmo, que lá viveu uns anos de alcoolismo, depressão e paixão (sinónimos?), que lá começou a escrita desse tal romance moderníssimo que pede emprestado o nome a outro, antigo, clássico, a história do fundador da nossa cidade de regresso à sua.


Hoje é o dia que em todos peregrinamos erroneamente na senda da nossa Ithaca, hoje é o dia da longa viagem, que não mais é que interior, hoje é o dia de regressar para recuperar o que afinal terá que ser novamente construído, atirar para bem longe a nostalgia e refundar a vida.

Eu continuo a querer a sandes de Gorgonzola, Joyce, Blomm, Homero, Molly, Blommsday, Penélope, Ithaca, Ulysses, Olissipo que voltem para o ano...!

1 Comments:

Blogger Coroneu said...

Retrato do artista quando jovem? Queijo Gorgonzola vai muito bem com Malbec tb;)Boas leituras e comidas e bebidas.

21/6/05 12:49

 

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