sábado à tarde.

tarde chuvosa como tantas outras. saio a correr do mercado para tentar uma maneira nova de falar contigo, mais barata, entenda-se, o telefone é sempre o nosso aliado favorito para encontrarmos conforto na voz um do outro.
entre cabines ocupadas, falta de trocos e a compra de uma cartão telefónico para ter o crédito necessário para completar a chamada, lá consegui ligação.
atendes. "olá 'mor, OLHA!!, 'tou com pouca bat..."

a chamada atendida e logo de seguida interrompida por falta de bateria é o equivalente moderno e urbano do famoso diálogo oitocentista
"querido, vem pra mesa que o comer está pronto"
"vais ter que esperar um pouco, caí na pocilga e chafurdei um bocadinho com o porco"
celebrizado por autor anónimo que não quero aqui citar.

sabemos que o silêncio não é definitivo, a voz virá depois de um silêncio necessário ao recobro das baterias. (tal como nosso herói que comerá depois do devido banho.)

também não entrei desespero, era só pra te dizer que te adoro num sábado à tarde.