Esparsos e parcos apontamentos

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Retour à toi

Ennemie de soi-même, comment aimer les autres
Etranger à soi-même, étranger pour les autres


Mais quand demain se lèvera, ah, je serai libre, retour à toi
Quand demain de lèvera, ah, je serai libre, retour à moi
Retour à toi et moi.

Etienne Daho (2003)

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Entering Somewhere Else

Como todos os dias, hoje temos efemérides. Permito-me a destacar algumas.

João de Santo Cristo vindo lá da Bahia directamente para Brasília é alvejado mortalmente nas costas por Jeremias Malvado. Arrependido de seus pecados, quando começa a sentir o sangue escorrer pela garganta, olha nos olhos do seu carrasco e profere as suas últimas palavras, “dê uma olhada no meu sangue e vem sentir o meu perdão”. Santo de nome merece incontestavelmente o título porque soube morrer.

Ratovski, autor destas linhas e de incomparáveis escritos como “A importância do vencedor do campeonato nacional no crescimento económico, 1954-1995” (em co-autoria), completa 28 anos de idade e inicia exactamente hoje o seu vigésimo nono ano de existência.
Até agora, nada a assinalar, nem queixumes, nem azedumes, nem especiais alvíssaras, a vida corre comme il faut. Neste dia, o eremita segue o seu caminho tentando passar despercebido pela multidão ululante, apesar do telefone que toca mais do que é hábito. Esta noite será a sua décima milésima ducentésima vigésima oitava e não são esperadas diferenças assinaláveis em relação a muitas outras, agirá normalmente sem qualquer sinal exterior de pânico.

Jeremiah de Saint-Amour chega a Cartagena de las Indias fugido dos corredores de morte e enfermidade do Haiti, sua terra natal onde nasceu bastardo filho de uma imigrante francesa após escaldantes noites de paixão com um escravo africano entre a roupa lavada e o gado. Inventaria mais tarde a palavra gerontofobia a que daria sentido prático através do seu suicídio cautelosamente premeditado para o dia em que completaria 60 anos, muitos anos após a sua chegada.


Isabella conhece Mishka numa praia da Crimeia. Juntos erraram por uma cidade portuária para nunca mais se reencontrarem na vida. Todos os anos neste dia ambos se interrogam acerca do que teria acontecido se outro dia tivessem passado juntos a falar de tudo e nada, passeando pelo ameno clima outonal do mar Negro. Ocuparão os seus últimos pensamentos com a imagem daquela tarde, as suas últimas palavras serão dirigidas um ao outro porém incompreendidas naturalmente por quem os assiste na morte em solo estrangeiro.

Podia ter escolhido outras, aniversários de celebridades, mortes gloriosas, tratados de paz, santos do altar. Prefiro assinalar os dias que realmente mudam o rumo da existência de um ser, ocasiões irrecuperáveis, alterações irrepetíveis.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Go Your Own Way

A remexer no baú das recordações pictográficas dei de caras com esta foto que me lembro exactamente onde e quando foi tirada (mas não vou dizer, prefiro esperar que alguém descubra).

À porta de mais um fim de semana pensei de repente que devia ir a algum lado, viver um pouco para lá da rotina ou da viagem obrigatória, partir com um objectivo definido que pode bem ser algo como ir à ponta de um cabo, ver o mar do Norte ou beber uma cerveja directamente no produtor, que importa? Ou sem qualquer objectivo... rambling.

O tempo será o que for (mais a mais onde estou, se ficar à espera de um fim de semana de sol e calor temo bem que nunca mais saia desta cidade-país...!), a companhia bem-vinda, o idioma de comunicação qualquer... por um lado até prefiro que não seja neste em que escrevo, acho que me estou a tornar numa espécie de Wanda, fico terrivelmente vidrado numa língua quanto mais me estranha for. Alemão já não me excita suficientemente, Sueco arrepia-me de languidez, Grego faz-me cócegas na barriga das pernas, Francês serve de preparação para a faina e amanhã vou tentar o Flamenco... nham, nham, nham.

Ao contrário de outros, eu é que sei para onde vou e o que levar comigo, não me deixo partir, PARTO. Sem dor. Sem olhar para trás.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Um destes dias

Paul Klee - Insula DulcamaraFica sempre para amanhã o postamento inteligente com relatos de fora, aventuras pela noite, efemérides várias e fotos originais.

Um destes dias. Talvez.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Have fun

Photocopy your head.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Yellow – Red – Blue

Wassily Kandinsky Yellow - Red - Blue (1925)