Esparsos e parcos apontamentos

quinta-feira, outubro 20, 2005

Ruas

Eh pá, se vocês fossem uma rua de Lisboa qual seriam?

terça-feira, outubro 11, 2005

Afinal de contas...

... está uma noite estrelada!

Ontem andava praí tudo numa histeria a dizer que tinhamos um furacão pra nós, não eram só os States e tal.

Vai-se a ver, enquanto eles têm gajas fortes tipo Katrina (a pomba), Rita (a porca) ou tipos grandalhões do género Earl (o duque) e Ivan (o terrível) e outros que tal, pra nós mandam-nos este mariquinhas do Vicente que nem um gafanhoto desvia do caminho.

domingo, outubro 09, 2005

talvez não haja música mais bela que esta

: entre a agenda da semana que agora ameaça começar e as gotas de chuva que me salpicam os pés, ouço junto aos ouvidos uma bela melodia que podia ser a mais bela de todas

: deixo-me enlevar pelas notas tiradas suavemente de um piano pensada para ser cravo enquanto escolho de um pilha qual o livro que quero ler esta semana:

\a viagem sentimental é de algum modo consistente com a melodia, pelo menos em termos de época

\a leveza da melodia que escuto remete-me para uma busca, assim espiritual, do que leva alguém a escrever tais frases, descobrir como pôde um ser pensar e perpetuar na História tal sentimento

\reler, porque não?, reler é tão nobre como ler!, sempre afirmei que não sou turista mas viajante, incluindo nos livros, posso viajar de volta a um livro que me fala de canções, melodias tão antigas como a Humanidade e quase tão belas como a que oiço

\houvesse espaço num autocarro e levava este comigo amanhã

: a melodia não acaba, repete-se eternamente ou pelo menos até que eu intencionalmente a pare

: o livro não está escolhido, a semana não começou, a agenda não está organizada, e por falar nisso nada mais à volta está a funcionar

: afasto a música dos ouvidos e assisto ao crescendo de um outra voz que se junta ao piano, um coral de chuva e um cheiro a terra molhada

: talvez não haja música mais bela que esta

Pequeno apontamento eleitoral

Acabo de ver as projecções dos resultados eleitorais. A minha confiança em sondagens é tal que desligo o televisor para não ouvir mais nada, chega-me isto. Deixei de confiar em política há muito, ainda nem o direito de voto podia exercer e nem sequer o dever de o fazer me assolava.

Partilho com o anónimo leitor tal evento.

Por um infeliz acaso da vida, encontrava-me num desses arraiais de aldeia onde nada mais há que fazer senão observar a felicidade embevecida de quem ganha um jarrão na quermesse (carmesse no dialecto rural) ou o olhar vítreo de quem já abusou das minis nessa temporada (mine, no dialecto rural; acompanhada normalmente de uma sande de coirate). Noto que ambos as estirpes terão as faces rosadas e bigode farto, independentemente do género.

No pico dos meus anos de adolescência, o chaveiro de casa enrolava-se frequentemente nas justas calças que envergava e não raras eram as vezes em que, ajeitando as chaves, o seu tilintar atraía gente de toda a espécie. Nessa noite, respondeu ao inadvertido chamamento uma míuda que tinha base a mais na cara e uma quantidade exagerada de dentes a competir pelo protagonismo do seu sorriso; enfim, digamos que o camafeu não teria dificuldades em entrar no comboio fantasma. Para a parte de dentro, claro, para assustar quem gosta.

Ao som do Nel Monteiro, resolvi dar uma de easy-going e lá fui até onde ela me levou. Já a base lhe tinha saído das faces que se começavam a revelar rosadas (decerto que tinha já ganho alguma coisa na carmesse, talvez aquele vestido tenebroso em padrão de cortinado) quando notei debaixo de um luar crescente algo em que os mais desatentos nunca reparariam.

Tratava-se de uma couve galega que era a cara do Mário Soares. Ela prontamente garantiu que tal não era novidade, o padrinho que vivia nos States já havia visto Reagan numa beringela fresca e a vizinha, uma senhora muito muito muito tudo, confeccionava regularmente tortilhas com a cara de Cristo que carinhosamente distribuía pela vizinhança.

Nunca mais pude confiar em políticos. Quem se imiscui assim no quintal dos outros, ainda mais sub-repticiamente em forma de legume, não merece a minha confiança nem para pôr uma carta no correio, quanto mais para mandar no país, ora.

Além do grave precedente assim aberto. Hoje é o Reagan numa beringela, amanhã é Bush no focinho de um bisonte? Que nos resta se depois de Cristo numa tortilha o Buda desata para aí a aparecer nas bolas de Berlim sem creme? Para onde irá o decoro se depois de um Soares-couve tivermos que conviver com um Cavaco-rabanete? Han?

Cambada de leguminosos, eeeeeeei, ide para looooonge!